Francisco de Assis, um dia, assim que deixara a orgia no castelo
Entregou-se à natureza, a uma vida de aspereza num canto doce e singelo
Abandonara a vaidade, buscando a paz da humildade, a santa luz da harmonia
E nas horas de repouso, francisco em estranho gozo a voz de Jesus ouvia
Filho meu, faze-te esposo da pobreza desvalida, emprega toda a tua vida
Na doce faina do bem. Francisco, ouve, ninguém vai aos céus sem a bondade
Que é a grande felicidade de todos os corações
Esquece as imperfeições!
Vai, conforta os desgraçados, sedentos e esfomeados
Flagelados pela dor
Quem alivia e consola, recebe também a esmola das luzes do meu amor!
Francisco chorava e ria, e em divinal alegria via os lírios e os jasmins
Que não fiam, que não tecem, com roupagens que parecem
Vestidos de serafins
As aves que não trabalham e no entanto se agasalham, nos celeiros da fartura
Saltando de galho em galho, buscando a graça do orvalho, bênção do céu, doce e pura
Via a terra enverdecida exaltando a força e a vida, a seiva misteriosa
No seio dos vegetais, e a ânsia cariciosa das almas dos animais
E sobretudo, inda via, a sacrossanta harmonia do coração sofredor
Que não tendo amor nem luz, tem tesouros de esplendor
No terno amor de Jesus
Francisco de Assis, então, submerso o coração
Em sublimes alegrias, entregou-se às harmonias
Vibrantes da natureza, tornou-se o amparo da dor
E guiado pelo amor
Fez-se o esposo da pobreza